Sensualizando sozinha

Hoje me arrumei só pra mim. Deslizei os dedos entre os fios do cabelo, soltando as ondas que caem sobre meus ombros como seda. Um toque de perfume atrás das orelhas, algo suave que me envolve como um segredo.

E então, me coloco diante do espelho.

Não há plateia, nem aplausos. Só meu corpo e a música baixa que ecoa no quarto. Começo a me mover devagar, deixando os quadris ditarem o ritmo. As mãos deslizam pela cintura, sobem até o pescoço, brincam com os cabelos. Cada movimento é uma descoberta, uma celebração.

No reflexo, vejo uma mulher que muitas vezes esqueço que existe. Olhos mais escuros, lábios entreabertos, pele arrepiada pelo próprio toque. Não preciso de outros olhares me desejando — o meu próprio já incendeia tudo.

Quando fecho os olhos e arqueio as costas, sinto o calor subir. É poder, é libertação. Danço até perder o fôlego, até que o espelho embace e eu me reconheça, finalmente, como minha própria deusa.

Afinal, quem melhor para me adorar do que eu mesma?